
Impostos em Atraso: Vale a Pena Parcelar ou Buscar Capital de Giro?
Administrar o fluxo de caixa de uma empresa é um desafio constante. Em alguns momentos, pode faltar liquidez para honrar todos os compromissos, e os tributos acabam ficando para trás. Embora o ideal seja sempre pagar os impostos em dia, existe um aspecto pouco discutido: quando a dívida é parcelada, o custo financeiro mensal pode ser menor do que se imagina.
Isso acontece porque a multa de 20% sobre o atraso é diluída ao longo das parcelas, e a atualização segue a taxa Selic. Na prática, em determinados cenários, o peso desse parcelamento pode ser até mais leve do que uma linha de crédito de capital de giro tradicional, o que gera um “alívio temporário” para a empresa.
Por que considerar o parcelamento de tributos?
O parcelamento pode representar, em situações específicas, uma alternativa de capitalização. Em vez de recorrer imediatamente ao banco e pagar juros elevados, a empresa pode ganhar tempo para reorganizar seu caixa, mantendo recursos disponíveis para operações essenciais, como compra de insumos, pagamento de fornecedores e folha salarial.
É claro que essa decisão não deve ser encarada como uma prática de gestão rotineira, mas como um recurso estratégico em momentos de aperto financeiro.
Pontos de atenção
Antes de tomar qualquer decisão, é importante avaliar os riscos envolvidos:
Reparcelamento exige entrada: se a empresa não cumprir o parcelamento original e precisar reparcelar, pode ser necessário dar uma entrada sobre o saldo devedor, o que aumenta o desembolso inicial.
Custo acumulado: embora possa ser menor que o crédito bancário em alguns cenários, ainda se trata de uma dívida que impacta o caixa no médio e longo prazo.
Risco fiscal e reputacional: atrasar impostos de forma recorrente pode trazer problemas adicionais, incluindo restrições fiscais e perda de credibilidade no mercado.
Consulta profissional é indispensável
Cada empresa tem sua realidade financeira, tributária e jurídica. Por isso, é fundamental que essa avaliação seja feita em conjunto com o contador e, se necessário, com o advogado tributarista e consultor financeiro. Somente esses profissionais poderão indicar se essa estratégia faz sentido para o seu negócio e quais os reflexos no curto, médio e longo prazo.
Não temos a intenção de recomendar o atraso no pagamento de tributos, mas sim mostrar que, em situações emergenciais, o parcelamento pode ser uma forma temporária de obter fôlego financeiro. O ponto central é entender que o custo dessa dívida, em certos casos, pode ser competitivo em comparação com alternativas de crédito tradicionais.
Planejamento, análise criteriosa e acompanhamento profissional são os elementos que diferenciam uma decisão estratégica de um risco desnecessário.
Fabio Nepomoceno - Consultor Financeiro