Poupança ou CDB?

A baixa da taxa Selic para 2% ao ano, seu menor nível histórico, traz um impacto positivo para quem precisa tomar dinheiro emprestado - apesar de demorar para chegar na ponta essa baixa nos juros bancários. Porém não está nada bom para quem aplica em renda fixa, principalmente para quem investe na poupança ou CDB (Certificado de Depósito Bancário).

 

As taxas de juros já vem numa série de baixas há muito tempo. Inclusive, já escrevi um artigo sobre a baixa da Selic muito tempo atrás, caso tenha interesse pode clicar aqui.

 

Há muito tempo a poupança não vem se tornando atrativa, principalmente desde 2012, onde foram mudadas as regras da rentabilidade. Atualmente, a poupança é remunerada através de duas condições:

 

a) Quando a taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento equivale a 0,50% ao mês, mais variação da TR (taxa referencial), situação que não corresponde à atualidade;

 

b) Quando a Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano, a variação será 70% da Selic, mais variação da TR. Na prática, atualmente resulta em cerca de 0,1159% ao mês (depósitos efetuados em 09/09/2020).

 

Considerando um exemplo prático, se você colocar R$ 1.000,00 hoje na poupança, daqui a um ano terá como saldo o valor de R$ 1.014,00. Mas é necessário considerarmos a inflação, pelo menos a oficial, onde nos últimos 12 meses esteve em 2,44% (IPCA).

 

Isso significa que de um lado, a poupança renderá R$ 14,00, mas por outro a inflação corrige o valor em R$ 24,40, sendo que não terá ganho real, muito pelo contrário, a perda de valor será de R$ 10,40. Ou seja, os R$ 1.014,00 daqui a um ano não terá o mesmo poder de compra do que hoje.

 

Quer saber mais sobre inflação? Veja esse artigo já escrito no blog, se tiver interesse pode clicar aqui

 

É importante também colocar as vantagens da poupança: uma delas é a isenção do imposto de renda. Ou seja, o rendimento é líquido, não terá desconto. Outra vantagem é o baixo risco, pois o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante os depósitos de até R$ 250 mil por CPF, por instituição financeira, além de termos ótima liquidez.

 

Mas comparando com outros formatos de aplicação, principalmente renda fixa, é possível obter ganhos superiores, e praticamente com o mesmo risco. É importante que você se especialize melhor sobre cada tipo de investimento, e respeite seu perfil de investidor. Lembro ainda que tem muitas opções de investimento no mercado, além de CDB e poupança.

 

O CDB (Certificado de depósito bancário) é um título de renda fixa que os bancos emitem, como forma de captar dinheiro para financiar suas atividades ou também investir no mercado. O rendimento está atrelado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que por sua vez acompanha a taxa básica de juros da economia. O CDB pode ser pré-fixado, onde na aplicação já é determinado a qual taxa será rentabilizado. Também tem CDB que varia conforme índice de inflação e mais uma taxa pré-definida. Em ambos os casos pode-se ter ganhos maiores, mas em contrapartida, a instituição exige que o valor fique aplicado por mais tempo, além de exigir um valor mínimo de aplicação maior (provavelmente não R$ 1.000,00 como simulamos anteriormente no cálculo da poupança).

 

O mais tradicional é o CDB pós fixado, onde a sua rentabilidade é calculada com alguma taxa de referência, no caso o CDI. Os bancos tradicionais costumam pagar baixa rentabilidade do CDB, tendo casos de 70%, 80% ou 90% do CDI. 

 

O interessante é buscar por CDB’s de bancos de menor tamanho ou menor credibilidade, onde esses tendem a oferecer melhores taxas (100% do CDI ou até mais, dependendo do prazo de aplicação e valor). Talvez você questione, e se o banco quebrar? É um risco que existe, tanto para bancos tradicionais ou menos conhecidos, mas assim como na poupança, há a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. Portanto, diversificar aplicações entre os bancos torna-se mais seguro, e o risco é praticamente o mesmo do que investir na poupança.

 

Para investimento em CDB’s nesses bancos de menor porte, é necessário fazer aplicação através de corretora de valores, onde atualmente você pode abrir sua conta até pela internet, em muitos casos de forma gratuita, de maneira segura, legal e autorizado pelo Banco Central. Nos bancos tradicionais, tratamos com o gerente do banco sobre investimentos, mas lembre-se que ele está a serviço do banco, pode ser que ele apresente uma proposta boa para você, mas com certeza será melhor proposta para o banco. E os bancos tradicionais trabalham com CDB’s emitidos somente por eles, limitando as opções de ganhos.

 

Enquanto que numa corretora, são oferecidos títulos de vários bancos, de forma independente da corretora, onde você mesmo pode escolher as opções de investimento. Além de contar com a assessoria da corretora, é interessante aprimorar seus conhecimentos para você fazer um bom investimento, e obviamente é necessário um valor que seja interessante. Lembre que se você quer ter um ganho maior, terá que estar sujeito a uma aplicação de valor e prazo maior. Em breve vou fazer um artigo específico sobre corretoras de valores.

 

Uma das desvantagens do CDB é a incidência do imposto de renda, onde dependendo do prazo que se deixa o dinheiro, tem uma alíquota. Para aplicações de até 180 dias, incide 22,5% de imposto sobre o valor do rendimento, de 181 a 360 dias incide 20% no valor do rendimento; de 361 a 720 dias 17,5% e 721 dias ou mais incidirá 15%. Ou seja, quanto mais tempo o dinheiro ficar lá, menos imposto de renda. É importante lembrar que caso deixar aplicado menos de 30 dias, incidirá também o IOF (Imposto de Operações Financeiras).

 

Nem todo CDB pode ser resgatado a qualquer momento. Tem alguns que é necessário esperar o término do prazo de carência, mas aí o retorno torna-se mais interessante. Caso você não saiba quanto tempo poderá deixar o dinheiro investido, é arriscado deixar aplicado em CDB que não tenha liquidez diária.

 

Pode-se investir em um tipo de CDB escalonado ou progressivo, onde o mesmo garante uma liquidez diária e prevê ao mesmo tempo o aumento da remuneração à medida que o prazo de investimento fica maior.

 

Recomenda-se que primeiramente você tenha muito claro qual o objetivo que você terá com esse dinheiro investido: se é para aposentadoria, se é para uma viagem, alguma compra, um projeto específico, enfim, quanto mais claro for o objetivo, o valor e para quando você precisa, ficará melhor de planejar onde será investido. 

 

Fabio Nepomoceno - Consultor de Finanças

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