Qual a diferença entre margem bruta, margem líquida e margem de contribuição?

Constatamos seguidamente erros de interpretação de margem líquida, margem bruta e margem de contribuição entre os empreendedores. Veja nesse artigo um breve resumo do significado e fórmulas para os três diferentes tipos de margens e calcule para a sua empresa.

 

Antes de começar, é importante lembrar que independentemente do tipo de margem a ser calculada, é necessário que os dados econômicos e financeiros da empresa estejam atualizados e corretos. Dados errados geram informações e interpretações erradas. Para um cálculo correto de margem, deve-se ter os fechamentos de resultados, onde recomenda-se analisar por um relatório de demonstrativo de resultados gerencial (DRG), que pode ser utilizado como base para os cálculos.

 

1. Margem de contribuição

 

Indica o quanto que sobra do faturamento (vendas brutas) para pagar os custos e despesas fixas da empresa. Ou seja, tirando das vendas todos os gastos variáveis, como impostos, comissões, materiais, o que resulta vai contribuir para pagar o fixo. Gastos variáveis são aqueles que só ocorrerão se for realizado a venda. Quanto mais se vende, mais se gasta. Caso não tenha vendas num período, não terão os gastos variáveis. A fórmula utilizada é a seguinte:

 

(+) vendas ou faturamento bruto

(-) Impostos, comissões e demais despesas variáveis

(-) Custo de matéria-prima e materiais utilizados (se for indústria), ou de mercadorias (comércio)

(-) Custo de serviços de terceiros, para quem for prestador de serviço ou indústria, se terceiriza alguma etapa do processo produtivo ou de serviço

(=) margem de contribuição

 

Muitos empreendedores confundem a margem de contribuição com o lucro, mas são indicadores diferentes. Por exemplo, se você vende alguma mercadoria por R$ 50,00, pela qual foi pago R$ 25,00, e ainda sobre a venda tem 5% de imposto e 10% de comissão, o cálculo da margem de contribuição é a seguinte:

 

Preço: R$ 50,00

(-) Imposto: R$ 2,50 – 5%

(-) Comissões: R$ 5,00 – 10%

(-) Custo de compra: R$ 25,00

(=) Margem de contribuição: R$ 17,50

 

Então vendendo por R$ 50,00, sobra R$ 17,50 para contribuir para o custo e despesa fixa. No caso sobra 35% de margem (17,50 / 50,00 x 100) e não de lucro líquido, pois para esse tem que ser considerado os custos e despesas fixas. Nesse exemplo, geralmente ouvimos... “estou ganhando 100% de margem”, pois a pessoa calcula com base no custo, comprando por R$ 25,00 e vendendo por R$ 50,00, mas não é margem. Pode-se colocar que está sendo aplicado 100% sobre o custo para calcular o preço de venda, mas é simplesmente uma informação que não indica se está ganhando ou perdendo.

 

A margem de contribuição também é utilizada para calcular o ponto de equilíbrio, ou seja, qual o faturamento mínimo necessário para cobrir os custos e despesas fixas. A fórmula do ponto de equilíbrio é:

 

total de custos e despesas fixas em R$  /  % da margem de contribuição.

 

Utilizando o mesmo exemplo anterior e supondo que a empresa tenha um custo e despesa fixa de R$ 10.000,00 por mês, pode-se aplicar a fórmula, lembrando que o percentual de margem (35%), é transformado em número decimal (35 / 100):

 

R$ 10.000 / 0,35 = R$ 28.571,43

 

Significa que a empresa tem que faturar no mínimo R$ 28.571,43 para poder cobrir seus custos e despesas fixas, sem lucro. Foi considerado somente a margem de um produto. É necessário fazer o cálculo de margens médias ou separadas por produtos, linhas ou departamentos.

 

2. Margem Bruta

 

Também conhecida como resultado operacional bruto ou lucro bruto (se for positivo). Indica o quanto que sobra antes das despesas comerciais, financeiras e administrativas fixas da empresa. É uma continuidade da fórmula da margem de contribuição, porém aqui é calculado o custo de produzir ou de prestar o serviço, no caso os custos fixos. É calculado através da fórmula: 

 

(+) Vendas ou faturamento bruto

(-) Impostos, comissões e demais despesas variáveis

(-) Custo de matéria-prima e materiais utilizados (se for indústria), ou de mercadorias (comércio)

(-) Custo de serviços de terceiros, para quem for prestador de serviço ou indústria, se terceiriza alguma etapa do processo produtivo ou de serviço

(=) margem de contribuição

(-) Custo de produzir (custos fixos relacionados à produção ou aos serviços)

(=) margem bruta

 

A Margem bruta é muito utilizada por indústrias, a fim de saber se é viável economicamente produzir o produto ou comprar para revender. Isso porque como é colocado na fórmula os gastos até a parte de produzir, o que vem após esse cálculo refere-se à parte administrativa, comercial e financeira.

 

3. Margem líquida

 

Também conhecida como resultado líquido, ou ainda lucro líquido (quando for positivo). Indica o resultado final, partindo da receita bruta de vendas, descontando todos os gastos variáveis e fixos. Ou seja, o quanto agregou de valor para empreendimento. A sua fórmula é uma extensão da margem bruta, onde a diferença é que é incluído a parte de despesas:

 

(+) vendas ou faturamento bruto

(-) Impostos, comissões e demais despesas variáveis

(-) Custo de insumos e matéria-prima (se for indústria), ou de mercadorias (comércio)

(-) Custo de serviços de terceiros, para quem for prestador de serviço ou indústria, se terceiriza alguma etapa do processo produtivo ou de serviço

(=) margem de contribuição

(-) Custo de produzir (custos fixos relacionados à produção)

(=) margem bruta

(-) despesas fixas administrativas, comerciais e financeiras

(=) margem líquida

 

O cálculo da margem líquida representa a apuração do lucro líquido, e é um dos mais importantes indicadores de uma empresa. Para ter margem líquida positiva, logo as margens brutas e de contribuição devem ser positivas.

 

Em ambos os cálculos de margens, principalmente na margem de contribuição e margem bruta, o cálculo pode ser separado por produto, linha de produtos, departamento, entre outros filtros. Aí pode-se analisar a margem específica, a fim de saber qual produto, ou linha de produto, ou ainda departamento, que mais contribui para os resultados da empresa, subsidiando informações para tomada de decisões quanto à preço e promoção.

 

Todos os indicadores de margens são analisados sob o aspecto de quanto maior, melhor. Pode acontecer de algum produto ou linha de produto ficar com margem negativa. Se for compensado esse resultado com algum outro produto com margem maior, nada impede que a empresa pratique margens baixas. Porém, se não tem relação com outros fatores, deve ser revisto a viabilidade de comercializar e produzir.

 

Para atividades de prestação de serviço, onde não há aplicação de materiais ou há pouca utilização, geralmente as margens de contribuição são altas, pois os gastos variáveis são basicamente impostos e comissões, talvez tendo alguns serviços de terceiros. A carga maior de gastos são os fixos, aí torna-se relevante a análise da margem bruta e margem líquida.

 

E você já analisou as margens de seu empreendimento? Recomenda-se que ao menos mensalmente seja analisado a margem líquida e bruta. Para atividades de comércio, a análise constante da margem de contribuição torna-se relevante também.

 

 

 

Fabio Nepomoceno - Consultor de Finanças

Receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Conheça também nossos Termos de Uso