Insights e tendências da NRF 2024 para o varejo
Organizada pela National Retail Federation (NRF), a NRF Retail's Big Show 2024 aconteceu no começo desta semana e reuniu mais de 40 mil participantes de todo o mundo. O Brasil era a maior delegação estrangeira, com cerca de 2,5 mil pessoas. O evento, que também conta com espaço para expositores, startups e apresentação de produtos, abordou as tendências que ditarão os rumos do varejo mundial nos próximos 12 meses.
Especialistas brasileiros que estiveram na convenção citaram quatro movimentos aos quais o empreendedor pode ficar de olho. Confira a seguir:
1. Futuro do varejo
No último dia do evento, o aguardado painel liderado por Andrea Bell, executiva da consultoria WGSN, trouxe um panorama dos próximos anos para os varejistas. Cinco pontos foram mencionados:
Envelhecimento da população
Além do envelhecimento na Ásia, jovens adultos em países ocidentais tendem a se manter por mais tempo morando com os pais. “Essas mudanças estão desmantelando estereótipos relacionados à idade e criando novas oportunidades de mercado com necessidades diversas, especialmente em saúde e bem-estar", analisa Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt.
Tecnologia intencional e consumo ético
Trata-se do uso da tecnologia com um propósito claro, que agregue real valor ao negócio, e não apenas para seguir uma tendência. “Houve uma ênfase em IA e suas implicações para segurança e questões éticas. Um dado interessante é que 42% dos especialistas em IA estão igualmente entusiasmados e preocupados com o surgimento de humanos virtuais e seu impacto potencial em várias indústrias”, complementa Bittencourt.
Responsabilidade ambiental
O painel abordou as mudanças climáticas e citou a evolução da “eco-raiva” para uma mentalidade mais esperançosa. A especialista brasileira disse que o tema tem aderência ao varejo nacional, e deve entrar no radar em três aspectos:
Recompensar consumidores por esforços éticos e ecológicos;
Implementar processos de produção sustentável;
Colaborar com organizações ambientais para desenvolver produtos eco-amigáveis.
Dinâmicas sociopolíticas e padrões de consumo
Elementos como distribuição de riqueza e tensões geopolíticas influenciam diretamente o varejo, criando sociedades polarizadas e desiguais. Isso demanda uma transparência de preços e produtos sob medida, pensado para cada região.
Ativismo de imaginação
Olhar o futuro do planeta sob um ponto de vista positivo pode ajudar a trazer inovações, e a IA pode ser uma ferramenta central na construção dessa imaginação. A dica é explorar realidades virtuais, fomentar a criatividade e se engajar com movimentos sociais. “Isso envolve criar visões positivas do futuro para inspirar ação e mudança, enfatizando o papel da criatividade e tecnologia na formação de mundos completos e envolventes, permitindo que os consumidores se conectem mais profundamente com a marca ou o produto”, diz Bittencourt.
2. Luxo online
O case da tradicional varejista Saks foi um dos destaques do último dia de evento. A empresa conseguiu avançar nas vendas digitais, sem abrir mão do faturamento nos pontos físicos. “Os números impressionam, com um crescimento de mais de 100% e 5,5 vezes mais novos clientes desde 2019, consolidando a presença da gigante do luxo no varejo digital”, afirma Denis Santini, CEO do Grupo MD e da CommUnit.
A transformação digital da empresa começou ainda em 2018, como uma evolução do negócio. A empresa se concentrou em manter o conceito de luxo e exclusividade mesmo nas vendas online. “A aposta foi na estratégia para criar escassez de produtos e distribuição limitada para manter essa sensação de exclusividade”, diz afirma Julio Monteiro, CEO da Megamatte e vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising Seccional Rio de Janeiro (ABF-Rio). Segundo a Saks, a aposta na revenda de itens de luxo chegou como uma forma de estimular a sustentabilidade e ampliar a acessibilidade dos produtos, atendendo clientes entrantes nesse nicho.
3. Retail media
O conceito não é necessariamente novo, mas deve ganhar escala ao longo dos próximos meses, principalmente como uma forma de trazer mais receita para as lojas físicas. A prática consiste em vender espaços dentro dos pontos de venda. A prospecção é baseada nos dados dos consumidores que visitam o local. A rede de lojas de conveniências 7-Eleven foi uma das que apresentou um case referente ao tema.
“Com mais de 90 milhões de clientes cadastrados e uma média de mais de 12 milhões de clientes diariamente, a 7-Eleven não apenas se tornou uma empresa de varejo, mas também uma influenciadora vital na performance do mercado”, diz Denis Santini, CEO do Grupo MD e da CommUnit.
4. Inteligência artificial
O evento provou que já não cabe mais chamar IA de tendência. A tecnologia está presente no dia a dia do varejo, inclusive no Brasil, mas deve ganhar mais espaço ao longo deste ano.
Para Tom Moreira Leite, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e CEO do Grupo Trigo, o varejo brasileiro precisa se aprimorar na coleta e no tratamento de dados proprietários para se tornar mais competitivo. “Essa é uma camada básica para se aplicar em qualquer solução de IA, que já é uma realidade no varejo norte-americano", diz. Ele completa afirmando que o uso mais comum da tecnologia tem sido na criação de ambientes de conversas personalizadas, que tornam os atendimentos mais fluidos.
Lucas Palhares, VP de growth e vendas da Media.Monks, marca operacional da S4Capital, conta que o case da Liquor Control Board of Ontario (LCBO) pode ser uma inspiração para empreendedores brasileiros. A empresa de bebidas alcoólicas usa inteligência artificial para aprimorar a experiência do consumidor dentro do e-commerce ao pesquisar produtos.
“Antes de implementar a inteligência artificial, a LCBO lidava com uma alta taxa de abandono de compras. Depois de colocar em prática a pesquisa generativa, teve aumento de 58% no CTR, crescimento no número de comentários positivos sobre a facilidade de encontrar produtos no e-commerce, e dobrou a taxa de conversão”, diz.
Fonte: Adaptado de Revista PEGN
Link original da matéria -> clique aqui