Como escolher um CDB?
Os Certificado de Depósito Bancário (CDBs) são alguns dos investimentos favoritos dos investidores iniciantes que estão no começo das suas composições de reservas de emergência e dos traders experientes que gostam de manter um colchão de segurança. Porém, com a variedade de títulos desta natureza, escolher só um pode ser difícil.
O cenário de juros atual, com a taxa Selic referencial a 13,75%, favorece os ativos atrelados à própria taxa e ao CDI , como é o caso dos CDBs, explica Paula Bento, sócia da HCI Invest. Por isso, os certificados estão “surfando a onda” da política monetária e produzindo rendimentos que não são usuais para esta categoria de ativo.
Abaixo, você entende melhor o que são os CDBs e quais fatores levar em conta na hora de escolher um para sua carteira.
O que são CDBs?
O CDB é um título emitido por um banco ou uma corretora com o fim de captar recursos. Na prática, quando emite um CDB, o banco está “pedindo dinheiro emprestado” dos investidores para oferecer empréstimos a outros clientes. Para o investidor, o ganho é obtido na forma de juros desse empréstimo. As taxas variam de acordo com cada título, que pode ter um dos três tipos de indexador a seguir:
Pré-fixados
O retorno desse título é dado por uma taxa de juros pré-definida. A instituição que pediu o dinheiro emprestado paga uma taxa pelo período, que pode ser expressa para o mês (0,5% ao mês, por exemplo), ou ao ano (12% ao ano, por exemplo).
Pós-fixado
Nesse título, a remuneração é atrelada ao desempenho de indicadores da economia. É possível ter uma ideia de qual será o retorno, mas ele vai depender do comportamento dos indicadores até o vencimento do título. Um dos principais indexadores é a taxa DI, que corresponde a média de empréstimos entre os bancos, emitidos por meio dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI). É comum encontrar títulos com rendimento de 100% do CDI, por exemplo.
Também podem ser usados como referência o IPCA, o índice de inflação oficial, e a Selic , taxa básica de juros definida pelo Banco Central.
CDB híbrido
Aqui, parte do retorno é estabelecida no momento da aplicação e parte é atrelada a algum índice econômico. Títulos que pagam uma taxa acima do IPCA do período podem ser uma boa estratégia para se proteger da inflação. Com ele, o investidor tem certeza de que vai garantir seu poder de compra.
Risco do CDB e adequação de estratégia
Todos os CDBs atraem investidores dos conservadores aos mais arrojados por serem seguros, fáceis de operar, terem diferentes prazos e, principalmente, trazer bons rendimentos, por isso são muito usados para reserva de emergência. Contudo, é necessário levar em conta o nível de risco da instituição que está oferecendo o título.
Isso porque bancos que oferecem CDBs com as maiores taxas de retorno em relação ao CDI são tidos como mais arriscados. Enquanto isso, os bancos mais tradicionais, que possuem uma taxa de risco quase nula, oferecem ganhos líquidos mais tímidos.
A razão disso está na equação entre segurança e lucratividade. Os juros são o “aluguel” do dinheiro. No caso dos CDBs, um investidor recebe juros por ter emprestado a quantia à instituição. Se ela for confiável, o “aluguel” será baixo, já que o empréstimo não requer tanta confiança do investidor. Afinal, todo mundo confia num bancão.
Mas, se a instituição dispor de menos reputação no mercado ou na sociedade – tanto por sua trajetória recente ou por ter se envolvido em casos que deponham contra ela -, ela será obrigada a pagar mais pelo seu empréstimo. Isso porque o risco que apresenta é maior, ou seja: sai mais caro, para a instituição, contrair dívidas devido ao seu histórico.
Assim, é importante ponderar a finalidade do seu CDB antes de procurar o título que vai te render mais dinheiro em menos tempo. Se o investimento for feito pensando em segurança, é melhor optar pelas rentabilidades mais tímidas. Mas, se o objetivo for aumento de capital, vale a pena arriscar um pouco mais.
Garanta-se com o FGC
Uma das grandes vantagens dos CDBs é a garantia de segurança do Fundo Garantidor de Crédito , o FGC, segundo Ivonsir Coelho. Porém, a proteção só se aplica se o montante investido for de até R$ 250 mil.
“O primeiro cuidado que todo investidor deve tomar é garantir que seus investimentos naquele título nunca excedam o limite do FGC, tanto com o rendimento quanto com os aportes frequentes”, diz o especialista.
Caso o teto tenha sido atingido, ele afirma que é possível diversificar este tipo de aplicação com investimentos em bancos diferentes. O total, entretanto, não pode passar do R$ 1 milhão, somadas as instituições financeiras investidas. Caso contrário, os ativos ficam descobertos pelo FGC.
Identifique o prazo do CDB diante da sua estratégia
“Uma carteira saudável possui os três tipos de indexador, mas em proporções diferentes”, diz Ivonsir Coelho, trader da mesa de operações da Alta Vista Investimentos. Ele explica que, em cenários de juros altos como os atuais, os títulos pós-fixados são os mais recomendáveis. “Quando o juro começar a cair, a opção pré-fixada se torna muito boa”, diz.
Em aplicações de curto prazo (ou seja, as que duram até um ano) ele recomenda títulos pós-fixados “para não termos surpresas, né?”. Coelho afirma que este tipo de aplicação mais rápida garante rentabilidades boas em comparação ao CDI, mesmo no caso de eventos políticos, sociais ou econômicos que mudem o rumo do mercado.
“Entre um e três anos, a recomendação é para pré-fixados que tenham alguma diversificação entre si, pois assim a gente garante uma rentabilidade maior, por mais tempo, mesmo que a taxa de juros venha a cair”, opina o especialista, visando investimentos de médio prazo.
Já os títulos destinados ao longo prazo (com vencimento acima de três anos) devem ser, de preferência, mistos e atrelados ao IPCA. “Eles protegem dos choques inflacionários, que são o principal risco que a gente tem em longo prazo. O Brasil tem um histórico de inflação alta e não podemos prever qual será o patamar daqui a cinco ou 10 anos”, diz.
Os ativos indexados à inflação foram as alocações de longo prazo que mais se valorizaram nos últimos 25 anos.
Outros fatores para a escolha de um CDB
Claudia Ramenzoni Izzo, Head do B2C da RB Investimentos, cita alguns fatores paralelos mas que podem ser decisivos na hora de traçar uma estratégia de investimentos que inclua CDBs.
A primeira é a escolha entre o mercado primário, onde o investidor negocia diretamente com o emissor, ou o mercado secundário, onde investidores negociam entre si. “É importante checar, no dia da aplicação, se existem boas oportunidades no mercado secundário e compará-las ao primário”, diz Izzo.
Eventualmente, outros investidores precisam sair de suas posições em CDBs antes do prazo definido e optam por vender o ativo no mercado secundário, oferecendo um prêmio de taxa ao comprador, explica.
Também é importante checar se o valor mínimo definido pela instituição emissora do título é condizente à sua disponibilidade financeira, lembra Cláudia.
Fonte: Adaptado de Inteligenciafinanceira.com.br
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