Como a tecnologia vai transformar a nossa vida financeira?

Em transformação acelerada, a tecnologia tem revolucionado o sistema financeiro, mudando a forma como os bancos fazem suas ofertas aos consumidores, ao mesmo tempo em que estimula a inclusão financeira, facilitando o acesso de mais pessoas a produtos e serviços bancários.

 

Um exemplo dssa evolução é o PIX, que em pouco tempo se tornou o principal meio de pagamento usado no país, somando mais 613 milhões de chaves cadastradas até maio de 2023, segundo o Banco Central. A rápida expansão foi impulsionada pelo crescimento da telefonia celular. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país entrou em 2023 com mais smartphones do que habitantes (242 milhões x 214 milhões).


Como resultado, sete em cada dez transações bancárias já são realizadas pelo celular ou pelo internet banking, como mostra a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária. Além disso, o número de contas abertas em canais digitais superou o de contas abertas em canais físicos. Aplicativos para celular agora permitem armazenar dados de diferentes cartões e efetuar pagamentos por aproximação com o próprio aparelho.


A revolução segue: somente em 2023, os bancos irão investir mais de R$ 45,1 bilhões em tecnologia para melhorar a experiência do consumidor, aumentar a segurança e explorar novas possibilidades abertas pelo Open Finance, entre outros. Vamos conferir o que mais vem por aí e como isso tudo impacta a sua vida financeira:


1. Moedas e ativos digitais


Desde 2020, o Banco Central, em diálogo com os diferentes atores do sistema financeiro nacional, tem avançado nos estudos para a criação do Real Digital, uma versão oficial da moeda brasileira, o Real, que poderá ser convertido em qualquer forma de pagamento disponível atualmente e usado em transações que não envolvam a troca física de dinheiro.


No mercado internacional, as moedas digitais oficiais são conhecidas pela sigla CBDC (Central Bank Digital Currency, em inglês, ou moeda digital emitida por um Banco Central). A principal ideia por trás da iniciativa é integrar o Real Digital ao dia a dia dos brasileiros, simplificando transações como pagamentos e investimentos.


Diferente das criptomoedas, que são emitidas fora do sistema financeiro e podem ser vendidas e compradas a um valor flutuante, determinado pelo mercado de investimentos, o Real Digital é uma moeda virtual que é regulada pelo Banco Central, do mesmo modo que o dinheiro em papel.


A expectativa do Banco Central é que o Real Digital esteja disponível para uso em todo território nacional até o final de 2024. Atualmente, ele está na segunda etapa de seu desenvolvimento, um piloto realizado em parceria com algumas instituições financeiras e que deve se estender até o primeiro semestre de 2024.


2. Tokenização de ativos


Outro movimento no mercado financeiro é a tokenização de ativos. Tokenizar significa criar uma versão digital de algo - um imóvel, uma ação de empresa, dinheiro ou até uma obra de arte, por exemplo. A digitalização dá origem a um token, ou seja, a uma representação digital do ativo, que é registrada e pode ser negociada, transferida ou armazenada. O Real Digital é um exemplo de tokenização.


Ela permite dividir um ativo em pequenas partes, facilitando seu compartilhamento entre várias pessoas. Imagine, por exemplo, que uma propriedade foi avaliada em R$ 1 milhão, e foi decidido criar 100 tokens dela, cada um no valor de R$ 10 mil. Cada uma dessas 100 pessoas pode decidir individualmente o que fazer com sua parte.


Isso aumenta a liquidez dos ativos e, ainda, garante uma forma segura e transparente de registro, pelo uso da tecnologia blockchain - um banco de dados enorme que registra todas as negociações dos usuários (leia mais a seguir).

 

3. Open finance


O Open Finance, ou sistema financeiro aberto, nasceu como uma maneira de padronizar o compartilhamento de informações dos clientes entre instituições financeiras. Isso é feito de maneira segura, por meio das APIs (Interfaces de Programação de Aplicação), nos canais das próprias instituições.


A ideia é permitir que os clientes tenham controle sobre seus próprios dados financeiros e possam compartilhá-los com as instituições que desejarem, mediante autorização, permitindo que informações sobre suas contas bancárias, transações e investimentos, entre outras, cheguem às empresas com as quais ele tem interesse em se relacionar.


Com base nesses dados, os bancos podem fazer ofertas mais atrativas para o consumidor - crédito mais em conta, por exemplo -, oferecer serviços personalizados, criar produtos inovadores e fornecer soluções financeiras mais adequadas às necessidades dos consumidores. A autorização para compartilhamento é feita por meio do internet banking.

 

4. Transações via chatbot


Os chatbots têm ganhado destaque como ferramentas inteligentes que simulam conversas humanas e desempenham um papel fundamental na interação entre empresas e usuários. Com a tecnologia de inteligência artificial, os algoritmos automatizados se tornam cada vez mais precisos, sendo capazes de realizar operações antes só feitas com interação humana. 


Segundo dados da pesquisa da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, os bancos registraram mais de 653 milhões de chamadas atendidas via chatbots em 2021. Muitas delas, para realizar transações, como consulta a saldos e investimentos ou agendamento de transferências. Tudo sem a necessidade de interação humana. Essas consultas, chamadas de transacionais, tiveram um crescimento de 53% em 2021, na comparação com o ano anterior, e a projeção é de um aumento ainda maior em 2023.


5. ChatGPT


Um chatbot que tem chamado muita atenção atualmente é o ChatGPT, que usa a inteligência artificial para gerar respostas em formato de texto para diversos comandos ou perguntas. Desenvolvido pela OpenAI, ele foi projetado para simular uma conversa com uma pessoa real e oferecer assistência em várias áreas do conhecimento.


De acordo com o próprio ChatGPT, a inteligência artificial pode ser útil para explicar alguns conceitos de economia e dar conselhos financeiros. O aplicativo é um bom recurso para quem procura entender um pouco mais sobre finanças, fornecendo explicações sobre organização financeira, conceitos e tipos de investimentos disponíveis.


Apesar de esclarecer que não é ideal para diagnósticos personalizados, o ChatGPT oferece um grande leque de conselhos de acordo com as situações apresentadas. A plataforma também busca descomplicar conceitos econômicos avançados, tornando-os mais compreensíveis para quem não é especialista na área.


Para conseguir boas respostas no ChatGPT, a dica é formular bem a pergunta, sendo claro e específico. Se for uma questão complexa, você pode dividir o assunto em partes menores, fazendo mais de uma pergunta sobre o mesmo tema. Experimente, também, direcionar o tom da resposta. Por exemplo: peça uma resposta simples e educativa sobre o tópico desejado. Se necessário, depois de receber uma resposta pelo ChatGPT, você pode pedir exemplos e explicações adicionais.


Esteja ciente, também, que o ChatGPT tem suas limitações, e que ele é abastecido com dados de um ou dois anos atrás. Portanto, assuntos muito atuais não estão em sua base de dados. Vale buscar em outras fontes para checar as informações. Como o ChatGPT faz um compilado de informações, você pode receber respostas que nem sempre correspondem à realidade.


6. Blockchain


O Blockchain é um banco de dados de transações digitais que armazena informações de maneira descentralizada e transparente. Ou seja, os dados não são controlados por um único banco ou empresa. Outra característica importante é sua imutabilidade - as informações registradas no blockchain são eternas e não podem ser alteradas.


Essa tecnologia é importante principalmente por oferecer acesso rápido, preciso e transparente a informações essenciais. O blockchain pode aumentar a confiança, eficiência e criar novas oportunidades de negócio, já que permite acompanhamento de transações e fornece uma visão transparente de determinadas operações comerciais. Hoje, ele é usado para trazer ainda mais segurança e rapidez para algumas operações financeiras - como transações internacionais ou negociação de contratos.


Imagine que você precisa transferir um dinheiro para o exterior. Antes, essa operação levava dias e contava com taxas altas. Agora, com o blockchain, é possível transferir o dinheiro em poucas horas, de forma simplificada. A tecnologia também pode auxiliar no processo de empréstimos e financiamentos. Contratos baseados em blockchain podem acelerar etapas de verificação, por exemplo, facilitando a aprovação de empréstimos. A tecnologia também pode ser usada para criar sistemas de autenticação mais confiáveis e seguros para o consumidor.


7. Metaverso


Ganhando cada vez mais popularidade, o metaverso é um espaço virtual tridimensional que é compartilhado por várias pessoas ao mesmo tempo. Funcionando como uma extensão do mundo real, no metaverso você pode criar um avatar - ou seja, uma versão digital de você mesmo - e interagir com outras pessoas e objetos. Como em jogos, você pode personalizar seu avatar e participar ativamente do mundo virtual, tudo através do computador, celular ou, ainda, usando óculos de realidade aumentada.


O conceito do metaverso está se tornando cada vez mais relevante com o avanço da tecnologia, como a realidade virtual, a realidade aumentada e a inteligência artificial. Segundo projeções da Precedence Research, o metaverso será um mercado de tamanho superior a US$ 1,3 trilhão em 2030.


Para o setor financeiro, o metaverso pode mudar a forma dos bancos se relacionarem com seus clientes. Ele abre novas possibilidades para interações lúdicas e personalizadas, levando a experiência do cliente a outro patamar. Os tokens e criptomoedas também possibilitam a criação de uma economia no metaverso, com transações feitas inteiramente nessa realidade virtual. Essa é uma tecnologia ainda em amadurecimento, mas que logo poderá transformar a forma de fazer compras e pagamentos.


8. Cibersegurança, ou segurança bancária


A preocupação com a segurança e confiabilidade bancária é um dos tópicos mais importantes para o setor, que todo ano investe milhões para garantir a proteção contra golpes e fraudes e proteger a segurança das informações dos consumidores, o que foi reforçado com a chegada da Lei Geral de Proteção de dados (LGPD). Com a digitalização dos bancos e meios de pagamento, o desafio se torna ainda maior.


A cibersegurança é uma medida indispensável para proteger as redes contra ameaças cibernéticas e ataques de hackers. Essa prática conta não só com a segurança física dos equipamentos e atualização de sistemas, mas também com a conscientização dos usuários, garantindo a orientação contra possíveis vírus, golpes e outros potenciais riscos.


Segundo pesquisa da Febraban, para 2023 a aposta está em uma segurança cibernética inteligente, que não depende de uma tecnologia, mas sim de vários métodos de verificação e autenticação. As muitas camadas trazem mais segurança às ameaças, gestão de identidade e acessos. A biometria facial será uma grande aliada nesse caminho.

 

 

 

 

 

Fonte: Adaptado do portal Meu Bolso em Dia - Febraban

Link original da matéria -> clique aqui

 

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