A necessidade da educação básica em finanças
Saber ganhar, reservar e gastar dinheiro corretamente é um desafio em uma sociedade que coloca o consumo no centro de tudo. A educação financeira nas escolas é um assunto adiado no Brasil há quase 13 anos, quando surgiu o primeiro projeto de lei que pedia a inclusão de noções de economia financeira como disciplina obrigatória para o ensino médio. Atualmente, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), esse é um dos temas transversais que devem estar nos currículos escolares de todo o Brasil. Mas isso não parece suficiente. É o que explica Celso Sant'Ana, fundador da empresa Psicologia Financeira:
“Se a gente for colocar isso dentro da grade como algo obrigatório - o que eu entendo que deva ser. As finanças fazem parte de um escopo maior, o da saúde financeira, que tem a ver com a saúde mental. Mas às vezes acaba caindo para os professores de matemática e a gente vê só aquela matéria bem básica de cálculo de juros, juros simples, juros compostos. Isso não é ensinar educação básica. Educação básica em finanças é você entender a relação com o dinheiro”.
De acordo com Santana, é possível começar a falar sobre noções básicas de como poupar e a diferença entre preço e valor com crianças a partir dos cinco anos de idade. Se isso não for feito de forma sistematizada, o especialista alerta que os pequenos podem se tornar consumistas. Para ele, é importante ensinar os jovens a lidarem melhor com seus sentimentos, porque isso está diretamente ligado à relação mais saudável com as finanças. Os professores, segundo o psicólogo, precisam ainda passar por treinamento:
“Os próprios bancos têm plataformas de educação gratuita, por meio das fundações. Você vai encontrar ali uma série de conteúdos gratuitos, e são todos conteúdos com informações sérias. Mas o principal, talvez sejam as próprias associações: a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), tem uma série de cursos, incluindo curso de educação financeira e finanças pessoais. na própria CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também tem cursos gratuitos. Você encontra a B3 com uma série de cursos gratuitos, na FGV (Fundação Getúlio Vargas) você também vai encontrar”.
Celso Sant'Ana chama a atenção também para a saúde mental. Conforme o especialista, a escassez financeira pode gerar adoecimento psicológico. De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,9% dos consumidores brasileiros entrevistados pela pesquisa terminaram 2022 com alguma dívida a vencer. E 28,9% estão inadimplentes - ou seja, não conseguem fazer os pagamentos em dia. Esse cenário alerta para um problema que vai além da conjuntura de inflação e taxa de juros elevada: apenas 35% dos adultos brasileiros são alfabetizados financeiramente - número próximo da média global.
Fonte: Adaptado de Agência Brasil
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