5 lições da série “Round 6” para as finanças

Atenção, este texto contém spoilers! O mais novo seriado Round 6 tomou conta das redes sociais e tem dado o que falar. A produção lidera atualmente o ranking global de títulos mais assistidos da Netflix e é o primeiro drama coreano a reivindicar o primeiro lugar nos Estados Unidos no serviço, segundo dados da empresa de classificação de streaming FlixPatrol.

 

Round 6 mostra um grupo de pessoas com dívidas bilionárias participando de uma série de jogos mortais para ganhar um prêmio em dinheiro. A série gira em torno do personagem principal Seong Gi-Hun, um homem sul-coreano, extremamente endividado e que vive cheio de picaretagens,  às custas da mãe. Para tentar aliviar a sua situação financeira, ele recorre à empréstimos com agiotas, mas acaba não quitando os valores. A partir daí, os credores decidem atentar contra sua vida.

 

Neste contexto, o personagem é convidado a participar do jogo mortal. Sem enxergar muitas saídas para a sua situação, ele aceita. Apesar de grande parte da série focar no jogo em si, é possível tirar diferentes lições de vida que podem ser aplicadas no mundo real. Confira:

 

1. Cuidado com as dívidas

 

A maior parte dos personagens da série possui uma relação ruim com o dinheiro. No caso do personagem Sang-Woo, amigo de infância de Gi-Hun, a situação era ainda mais grave: ele utilizou as posses de sua família como garantia nos empréstimos.

 

Contrair dívidas é uma situação que ocorre com muitas pessoas quando perdem suas fontes de renda. E é por isso que ter uma reserva de emergência é extremamente importante para que seja possível passar por esses momentos com tranquilidade.

 

Segundo Leandro Benincá, educador financeiro da Comunidade Um A Menos Na Poupança, uma dívida enorme não precisa ser milionária como as dos personagens da série, basta ser aquela que você não tem condições de pagar. O educador conta que um dos maiores problemas com dívida é o valor da parcela.

 

Eduardo M. Reis Filho, especialista em educação financeira e investimentos da Ágora e autor do Livro “Trabalhadores Não Precisam ser Pobres”, explica que o primeiro passo para se livrar das dívidas é mensurar qual o tamanho delas.

 

“Faça a somatória de todas, coloque em ordem de importância. Por exemplo, algum serviço essencial que eu não possa deixar para depois (luz, água, gás etc). Neste momento é tempo de se conscientizar para voltar a ter o controle das suas finanças”, diz.

 

2. Não tome empréstimos por qualquer motivo

 

Como Gi-Hun está sem emprego, vive recorrendo a amigos, familiares e até agiotas para conseguir dinheiro, o que acabou complicando ainda mais a situação do sul-coreano. Além de dever para o banco, ele também tinha dívidas com credores não-oficiais.

 

Benincá conta que os empréstimos geralmente são uma péssima ideia, mas podem funcionar como um bom instrumento quando você quer se aproveitar de um dinheiro que já tem para crescer.

 

“Muitas empresas fazem isso. Só que a pessoa física, quando quer um empréstimo, geralmente é por necessidade, e se você já está precisando do empréstimo, é um belo sinal de que talvez não consiga pagar por ele. Então, caso necessite muito, opte por um empréstimo que tem juros mais baixo do que as suas dívidas. É preciso muita atenção nisso, para não deixar uma bola de neve acontecer. Você não pode ficar fazendo um empréstimo para pagar outro”, diz.

 

3. Se precisar de crédito, só use as opções oficiais

 

No auge do seu desespero financeiro, Gi-Hun chega a realizar empréstimos com agiotas que não ficam nada felizes ao encontrarem o personagem apostando dinheiro em corridas de cavalos enquanto ainda era devedor. Inclusive, tal feito o fez assinar um documento no qual abdica da própria vida por conta das dívidas.

 

Reis explica que na educação financeira nunca é recomendado fazer empréstimo entre familiares ou amigos, pois na maioria dos casos a relação acaba sendo comprometida por falta de pagamento.

 

“Sempre é indicado optar por instituições reguladas participantes do Sistema Financeiro Nacional. Em caso de exceção, uma pessoa de confiança ou familiar próximo que não faça questão de cobrar a taxa de juros seria ideal”, diz Reis.

 

4. Cuidado com operações alavancadas

 

Em um determinado momento da série, descobrimos como Sang-Woo, o prodígio do bairro, ficou na mesma situação grave que os demais personagens. Chefe da equipe de investimentos de uma empresa de valores mobiliários, ele perdeu todas as suas economias e de toda a família ao realizar operações alavancadas na bolsa de valores e em derivativos.

 

Na visão de Benincá, alavancagem é um sinal de ganância excessiva, é você tentar ganhar até com o dinheiro que não é seu. Empresas fazem isso, mas de uma forma muito controlada e não emocional, quando tentamos fazer é sempre emocional, sempre achamos que vamos dar a grande tacada da vida, mas isso não é verdade”, diz.

 

Victor Lima, analista de investimentos da Toro, conta que uma das coisas que o investidor deve se atentar também é a sedução da alavancagem. “É superestimar os resultados vindos do curto prazo e subestimar aquilo que podemos construir no longo prazo. É preciso muito cuidado e saber que é um perigo que pode fazer com que você tenha um colapso financeiro”, diz.

 

5. Apostas não são um caminho mágico para uma vida estável

 

Existe um equívoco sobre as apostas. Muitas pessoas com problemas financeiros recorrem ao jogo, arriscando o dinheiro que apenas colocará sua saúde financeira em risco. É exatamente isso que Gi-Hun faz quando pega o dinheiro de sua mãe para apostar em corridas de cavalo.

 

Benincá nos conta que apostar é um desrespeito com o seu dinheiro. É o melhor jeito que tem de você jogar ele fora. “Sem contar que pode esconder um vício. Muitas pessoas se viciam em apostas, é um vício silencioso, difícil de ser identificado e que acaba com a saúde de muita gente. A melhor coisa a se fazer é não apostar com o seu dinheiro, seja em loteria, bingos, no que for. Não aposte com o seu dinheiro”, diz.

 

Por fim, Reis explica que o caminho mais sólido para uma vida financeira estável é ter uma fonte de renda constante, ser educado financeiramente utilizando os instrumentos disponíveis para se organizar e gerenciar sua dinâmica financeira pessoal e familiar, além de investir constantemente ao longo do tempo.

 

“É um exercício de autoconhecimento respeitando seus limites e o seu perfil de investidor”, conclui Reis.

 

 

 

 

Adaptado de E Investidor - Estadão

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